terça-feira, 13 de outubro de 2015

Cânone Ocidental

escritores malditos que me formaram
e me mostraram o céu azul
algum dia vou morrer
talvez recitando
sobre a covardia de escrever
sem pular do oitavo

andar descalça cansada de tanto
asfalto atropelando pedestres
canivetes são proibidos
o seu sorriso em 3d
enquanto os romances não renovam
seus roteiros e o puteiro na Tv
em 60 polegadas de uma tela plana
pois piranha é vendida todo dia
antes do café da manhã

enquanto no 410
você trancafia a minha mão
caçoa da caligrafia
examina o desconcerto

foram os desenganados
e demolidos
sobrevivendo da fome
de cartas estúpidas
roncando
e o meu gozo
em cima dos escritores invisíveis
melando o azul
algum dia vou morrer
porém não há motivos para alarmes
escadas de incêndio
ou seus dedos segurando
os meus

como se eu fosse a única
a narrar o pesadelo
essa miséria
vestida de luto
enquanto discutem
sobre a selfie do ano
os mais ouvidos no mudo
blues e jeans de lycra

queimaram as mulheres
numa fogueira
mas toda revolta é falta de pica
toda cor do oceano é onde
preciso morrer

até o motorista riu da falta de troco
analgésicos pra dor de existir
máquinas vão cessar
à noite
cores adormecem
quando escritores esquisitos
publicam e transitam em mim

Um comentário:

  1. É uma pintura esse teu momento de fúria,entendi contigo a definição de revolta e achei lindo o céu que cobre teu intelecto,porque em ti, nos teus versos, descubro uma exaltação às mulheres, que me faz mais admirador do teu amor,pelo homem que é um ser encantado pelo encanto,das mulheres.
    Bom fim de semana.

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