sexta-feira, 27 de junho de 2014

Tuas transversais me extraviam

Quando foi que eu me senti furtada por sua beleza egocêntrica, carnal, devassa? Já não conto as vezes em que me parei para cogitar os planos de nosso futuro oscilante. Não quero prever que nosso quintal um dia murche por tua partida, mas por segurança planto cactos pois eles aguardam, eles estão acostumados com as despedidas devido à chegada da Primavera. Eu não estou, Loira. Você fala a língua que toca a minha alma de um jeito erótico como se soubesse manipular corpos. E manipula com tal maestria que eu diria que você é bem mais do que artista. Teu corpo é um violão saudável, macio, engenhoso.
Teu corpo é um edifício de entradas, dores...
Quando foi que teu coração se tornou tão vulgar?
Hoje a Lua se escondeu atrás dos teus olhos de pedra pura cristalizados por um azul que trucida os meus versos submissos. Teus olhos, guria, são um tremendo delito. É uma violação essa tua essência deturpante, essa canela que sai de teus lábios úmidos de palavras obscenas. Teus cabelos tão dourados que grudam em meus lençóis viciados. Eu te enclausurei nessa prosa subordinada e estou acorrentada a teus poros suaves afogados por perfume de café. Já não consigo mais dormir. Quando declarou que me amava como quem declama a própria sentença de morte eu finalmente soube que estava perdida.
Não em alguma esquina perigosa,
Não nas tuas poesias sórdidas... Estava perdida em ti.

6 comentários:

  1. Paixão e intensidade foi o que me passou teu escrito hoje, senti a angustia que quem vive esse sentimento é obrigado a ter, a angustia de pertencer mais ao outro do que a si mesmo.
    Gostei.

    ResponderExcluir
  2. Quando atravessei a passagem <> eu senti a fúria, o terrorismo que é o amor, a beleza e todos os nossos ideais. Aviões bombardeando-nos.

    I would kill for your hair, too.

    Izan

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Não sabia que o trecho ficaria suprimido... a passagem... "teu corpo é um edifício de entradas, dores..."

      Excluir
  3. Tuas palavras são o melhor presente que eu poderia ganhar. E outra vez eu declamo, mas como quem declama a própria sentença de felicidade: eu te amo, morena.


    Tua Lua.

    ResponderExcluir
  4. Bom dia Gyzelle.. temos uma mente inquietante que molda visões futuras, lapida desejos, faz o sangue ferver nas veias.. somos seres únicos, envoltos nos véus da ilusão e estes tem que vir abaixo.. tem que nos deixar despidos, de sentimentos e podermos dar ao outro um pouco do que somos..
    lindo dia poetisa.. abração

    ResponderExcluir
  5. Eis o amor! Aquilo que te joga num labirinto de um corpo,de uma alma..a gente até sabe que vai se foder (ou não),mas pra quê tanta preocupação? vamos nos perder!

    Adorei tua escrita,Gyzelle! Seguindo (:

    http://amantesdiamantes.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir