domingo, 22 de junho de 2014

Olhos tempestuosos

A sacada do meu apartamento alagou de tanta chuva, tanta lágrima. Deixei a porta do meu apartamento aberta na intenção de abrigar alguém dessa tempestade de solidão, as luzes do semáforo piscam o tédio da madrugada, os carros que sobraram pelo asfalto perambulam sem saber aonde ir porque o bar fechou antes das três. Um acidente aconteceu aqui na minha rua, nessa rua de pedras e mármore, o amor morreu. Passa o homem de terno azul com o chapéu todo molhado de seda, corre a moça com o vestido de chita decorado com borboletas (sortudas borboletas encharcadas que colaram nos seios, pernas e barriga dessa moça passageira).

O rapaz de barba vermelha passa cansado enquanto carrega os pingos de chumbo nos ombros e na cabeça, não reclama o dilúvio do céu
não abre o guarda-chuva, se tinha que guardá-la, que fosse em seus olhos.
Choraria amanhã.

2 comentários:

  1. Boa tarde Gyzelle.. como queria verter o dilúvio interno que guarda ainda tristezas minhas.. acho que ainda tenho de aprender a chorar.. segurar as coisas só atrapalha.. abraços e um lindo dia poetisa

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  2. Sim, chorar é bom, Samuel. Obrigada por sempre vir aqui.

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