segunda-feira, 2 de junho de 2014

Eu me despeço dos seus olhos que me afogam

Ruivo, essa é a ultima vez que te escrevo, prometo.

Última vez que bebo toda rebeldia regada pelo silêncio de lábios avermelhados pelo sol de meio dia, prometo.

Hoje eu não vou te escrever, não ligo mais para sua descrença em meu amor prematuro. Seus olhos são azuis da cor do oceano mas eu que me afogo, de pacífico só o seu desdém. Apague esse cigarro pois tragou por demais as minhas forças, tenho um coração doente. Beba seu café sozinho porque já cansei da insônia de esperar.

Faz sentido acordar e continuar sonhando contigo, ver seu sorriso amarelo de longe e ter que escutar o coração ligar para o hospício. Faz um frio quando imagino seus lençóis cobrindo meus pés nus, nosso corpo esquentando a tempestade ao som de The Smiths, a tragédia é anúncio da manhã. Eu te restrinjo aos meus limites dramaturgos, te jogo no lirismo só para te ter além dos sonhos.

O colorido dos seus cabelos curvos cor-de-sangue já é um prelúdio ao nosso pecado, te sinto em cada avenida dessa zona sul, deste morro ao norte, coloquei-te num altar tão meu desenhado por órbitas oculares até te fazer rei de outro planeta.

Eu sou míope, meu bem, mas pude ver de longe que você não seria meu. Eu sou poetisa mas meus versos não são suficientes para te fazer ser meu. Eu sou sua. Nas palavras. Nas lágrimas. Na saudade do que nunca fomos.

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