terça-feira, 27 de março de 2012

Relatos de uma quase prostituta

Era a primeira vez que eu estava naquela boate soturna e arrogante, as luzes que existiam na mesma eram grotescas. Havia inúmeras pessoas frente ao palco ainda pouco iluminado, eu podia sentir um calafrio estranhiço na barriga que subia por minha garganta, arranhando-me. As lágrimas teimosas queriam lavar a rústica face, sem se preocupar com a dinastia do público que ansiosamente esperava o meu show.   Do lado de dentro das cortinas podia-se ouvir o estrondoso som daquele ambiente hostil, com os lábios sedentos olho a mesa de plástico ao lado, só vejo um café gelado e um cigarro agressivamente apagado. Ouço meu nome no microfone como nunca antes havia escutado, aquilo soou doloroso para uma menina de sonhos inocentes. As pernas tremeram ao imaginar o que faria por reais falsos, prestes a expor meu corpo desavisado.  Eu tinha apenas doze anos, não tinha seios e não sabia que coragem tive para estar ali. A única alternativa foi correr incansavelmente, deixara para trás aquele pesadelo fútil. Enquanto corria, só ouvia meu ofegar, os batimentos acelerando e claro, a vaia dos imundos.

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