sábado, 31 de março de 2012

O amor do elevador

Foi amor eu sei que foi. Da primeira vez que o vi no elevador, cheirava perfume masculino, eu me embriaguei de amor. Sim... Amor, paixão, carência, algo mais legal, sei lá o que eu senti, mas foi uma coisa pura, sabe? Seus olhos em plena turbulência um suspiro escapo. Ele percebe a minha sina e acredito fica sem graça encolhido. Eu não aperto meu andar e subimos até o dele, o último. Ele espera que eu saia e eu o encaro. Ficamos por minutos parados inertes. Se cansa de esperar e sai do elevador, enquanto a porta de madeira se fecha, observo seu rosto mirando o piso de mármore e o vejo abrir um sorriso de manha envergonhada.  

Depois do lindo dia, pensei coisas esdrúxulas, a barba dele roçando meu corpo sinto até cócegas de pensar, seus olhos verde-musgo observando os meus observando os dele. Qualquer cheiro que sentia era motivo pra lembrar daquele perfume de macho. E foi assim que descobri que amava, e não só amava, amava ele, poderia ser ela, mas era ele.   Em uma manhã chuvosa voltei correndo da rua ao Mediterrâneo, cumprimentei o Severino com um sorriso molhado e entrei no elevador que já estava ocupado por duas pessoas. Enquanto ajeitava o cabelo o cheiro do perfume entrou pelas minhas narinas feito pólvora, meu corpo queimou muito mais e de olhos vidrados virei às pessoas que estavam ao meu lado.  
Era ele e ela, dois abraçados, molhados. Meus olhos inundaram-se mais do que minha rua inundou naquela tarde de chuva extrovertida. Depois daquele dia emagreci, só subo de escada. 

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